Família sem conflitos, todo mundo arrumado e de bom humor, cachorrinho feliz, roupas passadas, comida servida na mesa, trabalho gratificante e ninguém atrasado. Será possível ter a vida igualzinha à da propaganda de margarina?
O ideal da perfeição nos acompanha desde sempre. Quando crianças, imitamos os que nos cercavam, aprendendo com eles tudo o que hoje sabemos. Junto com toda a aquisição de habilidades motoras e cognitivas, introjetamos também uma parte daqueles adultos que sempre apontavam nossas falhas, incompletudes e deficiências.
Eis que estamos aqui, adultos agora nós mesmos, sendo subjugados por esta instância que agora carregamos conosco. Buscando a perfeição em todos os aspectos da vida, vivemos infelizes e cheios de angústias. Onde está o mundo perfeito no qual apenas temos que nos esforçar um pouco e tudo dará certo?
Não temos o carro do ano, nem o marido perfeito, muito menos os filhos da propaganda de margarina. Os nossos fazem birra, jogam a comida no chão e gritam quando não deveriam. Desastre total.
Na vida real, relacionamentos têm altos e baixos, filhos aprendem palavrões, nem sempre estamos no horário e tem dias que temos que improvisar o jantar com o que sobrou na geladeira. Esta é a vida real, a única passível de ser vivida. A outra é sonho, produto do imaginário; vida perfeita e inalcançável, assim como garantia de extrema insatisfação quando comparada com a realidade.