Vamos conversar sobre mais alguns aspectos ligados à expatriação?
As histórias de muitos expatriados com quem converso passam por dificuldade nas relações familiares. Ao longo de suas vidas na terra natal, ao tentarem desenvolver-se de maneira autônoma em um ambiente no qual suas ideias e valores não eram validados, os expatriados encontravam barreiras e julgamento. Partiam então em busca de distanciamento da família, dos conflitos parentais e de pessoas tóxicas, como tentativa de defesa emocional e física.
A família como um todo pode ser um entrave no desenvolvimento do indivíduo, mas especificamente a figura materna costuma ser citada como um dos impeditivos na construção de uma identidade independente. A expatriação pode ser vista, neste caso, como uma possibilidade do indivíduo se afastar da mãe, mas mantendo-se próximo afetivamente. Na impossibilidade de se fazer esse afastamento de forma saudável no país de origem, em alguns casos há a necessidade de uma concretização física, através de um verdadeiro distanciamento geográfico.
Esta separação da família de origem através do distanciamento físico ou simbólico é parte constitutiva da construção da identidade do sujeito. Realizá-la através de uma expatriação é um dos modos possíveis de se conseguir espaço para que a identidade possa se desenvolver fora do ambiente restritivo familiar.
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